Resposta a corrente separatista difundida por Elaine Oliveira.

Gostaria de começar esse post com a seguinte pergunta: quem nunca assistiu uma reportagem sobre política, sobre violência, ou sei lá o que? Quem nunca sentiu vontade de entrar na TV e esculhambar a situação? Pois é, no meu ver, é isso que o querido Samuka esta fazendo. Expressando aquilo que realmente sentimos, sem maquiagens e com bastante simplicidade e humildade. Penso que representa muito bem o bom nordestino arretado, ele não fica mudando seu sotaque para se adequar aos padrões nacionais, porque ele sabe muito bem com que esta falando - com o povão paraibano. E ele respeita isso, por que ele sabe que o fato de estar numa emissora de grande importância e em um horário nobre não o faz diferente da gente.

Da primeira vez que ouvi o Samuka, fiquei surpreza ( e feliz) ao ouvir seu suntuoso e autêntico sotaque paraibano, daqueles que, quando escutamos de longe, dizemos: “esse é daqui”!

Vejo que muitas vezes, as pessoas se equivocam ao fazerem críticas a este jornalista. Ponderando apenas aspectos irrelevantes do seu programa, e outras vezes aumentando ou diminuindo os fatos reais. Temos o mau hábito de pensar que a dignidade e o modelo certo vêm de fora, de um estilo diferente, de uma cultura diferente. Nada disso. Não existe o modelo certo, existem modelos. Com “S” maiúsculo. No meu ver, você pode ser digno sem abdicar de seu jeito de falar. O jeito nordestino de falar é simples e direto, muito bem explicado, fácil demais até de entender. Diferentes de muitos outros sotaques. Por esse motivo, penso que já está na hora do povo do nordeste acordar e começar a parar de tanta bajulação com as outras regiões mais “desenvolvidas”, parar essa mania exagerada de estar sempre valorizando o que vem de forra e menosprezando o que é de nossa própria terra. E para começar, temos mais que nós aceitarmos como realmente somos.

É isso que vejo em Samuka: autenticidade.  E para falar a verdade, já estou cheia de imitadores, de gente igual, que não se dá o trabalho de pensar, mas apenas de reproduzir o que já foi dito.

Hoje tive a insatisfação de me deparar com um texto medíocre de esta circulando na internet, que me deixou melindrada. A autora do texto, Elaine Oliveira, alegou-se incomodada com o telejornal Correio Verdade, e particularmente com os dois jornalistas que estão à frente do programa Samuka Duarte e Emerson Machado. A mesma, em seu discurso Oliveira relata o seguinte: “Sucesso no youtube, orkut e afins, a "dança do mofi" é unanimidade: agrada tanto aos cidadãos de bem quanto aos bandidos. As crianças, incentivadas até mesmo pelos pais, colocam a camisa na cabeça e com os braços para trás dançam e aumentam a popularidade do jornalismo que todas as tardes ri da falta de consciência de uma população que já acostumada com a impunidade, resolveu aceitar que ela virasse piada.”  De fato não concordo com estas palavras dela, pois estas considerações são até interessantes em certo sentido, mas por outro lado, me impressiona esta cidadã ter se escandalizado tanto com uma simples dança (que tem até um lado positivo, no que diz respeito a expor de uma maneira cômica o destino de todo aquele que transgride as leis e as normas), se em nosso país existem tantas outras músicas e danças vulgares e chulas, a mim pelo menos, nunca chegou uma corrente dela, ou de qualquer outra pessoa, criticando a dança do ‘Crew’ ou qualquer outra do tipo. Algo me diz, que esta crítica tem segue um posicionamento pessoal. Mas enfim, na seqüência, Elaine afirma: “Tratados como ‘amigos’ (já que são a audiência), os criminosos até gostam das brincadeiras, afinal de contas, nem é assim tão grave o que eles fazem...”. Pessoalmente eu não acho que Emerson Machado esteja tratando tias infratores como ‘amigos’, como disse Elaine, mas pelo contrario percebo que Emerson, com bom profissional que é vai apenas a campo, de maneira simples e faz lá sua entrevista bem no popular. É isso que vejo. Lógico que ele utiliza toda uma abordagem caricata e comum, fazendo graça com os entrevistados, eu não quero negar isso, mas penso que isso faz parte de sua originalidade. E também, você queria o que, que ele usasse a linguagem formal, técnica de um jornalista, como se tivesse falando sobre temas políticos ou econômicos? Se por acaso ele fizesse assim no mínimo não ia conseguir uma interação. O bom profissional é aquele que consegue atingir a todas as categorias sócias. Ou você acha que é fácil conseguir aquelas entrevistas? Tenta lá! O que eu vejo é que o Correio Verdade tem trazido um pouco da realidade para nossa casa. Estamos tão presos aos nossos próprios paradigmas que muitas vezes temos uma visão abstrata do verdadeiro mundo em que vivemos. E quando de repente isso invade nossa casa, vem também o espanto. Talvez você não entenda isso, justamente porque sua visão já esta condicionada com aquela visão mecânica passada pela demais programação nacional, e esta por sua vez, se espelha no padrão americano.

Mais na frente à nutricionista expõe outra posição: “Creio que não conseguem, com a mesma eficácia, tornar menos dolorosa a sina de uma mãe que sente a dor de ter um filho que agora é presidiário, de parentes de uma criança que morreu acidentalmente ou de um pai, que vê seu filho destruído pelas drogas, morto e servindo de audiência para um programa de humor negro chamado Correio Verdade.” Mais uma vez divergimos nas opiniões, talvez isso seja porque eu acompanho o programa diariamente e já vi muitas vezes que quando o assunto é grave, Samuka aborda-o com o respeito devido. Ela continua: “Incomodada com o desprezo explícito à vida humana senti a obrigação de pedir a todos os meus contatos que repensem seus valores de respeito e dignidade à vida sempre que pensem em assistir esse e outros programas que indiquem sinais tão fortes de insulto a nós, telespectadores. Insulto a nossa capacidade e direito de exigir jornalismo de qualidade em palavras e atitudes.” A mim, incomoda o fato de sermos todos tão quadrados e tão hipócritas, a mim incomoda o fato de sermos todos tão condicionados e alienados... Mas o que me incomoda mais é saber que a cada seis segundos, uma criança morre de causas relacionadas à fome no mundo. EU DISSE, SEIS SEGUNDOS! Você tem idéia do que isso significa? Que enquanto você lê isso, muitas já se foram, doces e pobres inocentes. Segundo a organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), estima-se que 925 milhões de pessoas se deitem com fome todas as noites. O número é menor que o 1, 023 bilhão do ano passado, mas ainda assim ultrajante. Isso sim me escandaliza, e isso sim é digno de uma ‘corrente’, vocês não acham? Eu me choco com isso... Estou errada? E por isso todos os dias recebo muitas críticas, porque para muitos é estranho você  se preocupar com coisas tão distantes, afinal, minha indignação não vai mudar os fatos. Mas, como disse Lispector, “Porque há o direito ao grito. Então eu grito”. E faço isso porque sou HUMANA, porque me recuso a ser uma coisa, um robô.

(Gostaria de deixar claro que não sei quem é esta tal Elaine Oliveira, e por isso, este poste não se trata de uma divergência pessoal e sim de uma simples crítica de quem, como muitos, têm uma opinião contrária a dela).

Veja aqui o texto de Elaine Oliveira: 

http://enosnacritica.blogspot.com/2011/05/me-chamou-atencao.html

  

Veja também a Dança do Mofi: