Exercício - Geografia Humana e Econômica
Questões - Respostas
(Questão 01) Qual a diferença entre espaço geográfico e:
Segundo
Milton Santos (1997, p. 51), o espaço geográfico é aquele “formado por um conjunto indissociável, solidário e também
contraditório, de sistemas de objetos e sistemas de ações, não considerados
isoladamente, mas como o quadro único no qual a história se dá. No começo era a
natureza selvagem, formada por objetos naturais, que ao longo da história vão
sendo substituídos por objetos fabricados, objetos técnicos, mecanizados e,
depois cibernéticos fazendo com que a natureza artificial tenda a funcionar como
uma máquina”.
a) Paisagem
– Já
“paisagem é o conjunto de formas que, num
dado momento, exprimem as heranças que representam as sucessivas relações
localizadas entre o homem e a natureza.” (1997, p. 83)
Desta
forma, a diferença entre paisagem e espaço geográfico, é que, a primeira (paisagem)
é “transtemporal juntando objetos
passados e presentes, uma construção transversal juntando objetos.”
Enquanto a segunda (espaço), “é sempre um
presente, uma construção horizontal, uma situação única. Ou ainda, paisagem é
um sistema material, nessa condição, relativamente imutável, espaço é um
sistema de valores, que se transforma permanentemente”.
b) Território
– Este,
por sua vez, é uma dimensão do
espaço geográfico que desvincula as relações humanas e sociais da relação
direta com a dimensão natural do espaço, extraindo desse conceito a necessidade
direta de domínio, também dos recursos naturais, como expressa-se na concepção
clássica de território. A natureza, enquanto recurso associada à ideia de
território, já não é mais necessária. Nestas territorialidades, a apropriação
se faz pelo domínio de território, não só para a produção, mas também para a
circulação de uma mercadoria, a exemplo das territorialidades por vezes
estudadas, como o território das drogas. Estas novas territorialidades
apresentam-se como voláteis e constituem parte do tecido social, expressam uma
realidade, mas não substituem, em nosso entender, a dominação política de
territórios em escalas mais amplas. Devendo essas, para serem explicadas e não
somente descritas, serem inseridas em espaços de dimensão relacional.
c) Lugar
– Lugar
constitui a dimensão da existência que se manifesta através “de um cotidiano compartido entre as mais
diversas pessoas, firmas, instituições–cooperação e conflito são a base da vida
em comum” (Milton Santos, 1997).
v Neste
sentido, o conceito de lugar induz a análise geográfica a uma outra dimensão -
a da existência- “pois refere-se a um tratamento
geográfico do mundo vivido” (Milton Santos, 1997). Este tratamento vem
assumindo diferentes dimensões. De um lado, o lugar se singulariza a partir de
visões subjetivas vinculadas a percepções emotivas, a exemplo do sentimento
topofílico (experiências felizes) das quais se refere Yu-Fu Tuan (1975). De
outro, o lugar pode ser lido através do conceito de geograficidade, termo que,
segundo Relph (1979), “encerra todas as
respostas e experiências que temos de ambientes na qual vivemos, antes de
analisarmos e atribuirmos conceitos a essas experiências”. Isto implica em
compreender o lugar através de nossas necessidades existenciais quais sejam,
localização, posição, mobilidade, interação com os objetos e/ou com as pessoas.
Identifica-se esta perspectiva com a nossa corporeidade e, a partir dela, o
nosso estar no mundo, no caso, a partir do lugar como espaço de existência e
coexistência.
Mas o lugar pode também ser trabalhado na perspectiva de um mundo vivido,
que leve em conta outras dimensões do espaço geográfico, conforme se refere
Milton Santos (1997), quais sejam os objetos, as ações, a técnica, o tempo.
d) Região
– Da
mesma forma que os demais conceitos, região apresenta-se como um conceito com
inúmeras variantes.
Sua
concepção mais recente adquire significados múltiplos, incluindo a dimensão
cultural. Nos últimos anos pode-se observar a possibilidade de região ser
compreendida como proposição política sob um espaço, pode ser compreendida como
expressão de uma forma de especialização do trabalho, como também ser
compreendida como espaço identitário para um determinado grupo social, que se
consolida nos regionalismos e que se expressa pelo hibridismo do politico, do
econômico e do cultural, enquanto construção de representações que fortaleçam a
identidade.
v
Qual das categorias
ajudará o sociólogo a melhor entender a sociedade?
A
categoria região é uma das que auxilia o sociólogo a melhor entender a
sociedade, por que esta, que é vista pelo sociólogo como uma construção de
espaço vinculado que advém da forma como, na contemporaneidade, sob a lógica do
Modo de produção Capitalista, se organiza o processo produtivo. Além disso, a concepção
mais recente de região inclui a dimensão cultural, e como já foi colocado
acima: “Nos últimos anos pode-se observar
a possibilidade de região ser compreendida como proposição política sob um
espaço, pode ser compreendida como expressão de uma forma de especialização do
trabalho, como também ser compreendida como espaço identitário para um
determinado grupo social, que se consolida nos regionalismos e que se expressa
pelo hibridismo do politico, do econômico e do cultural, enquanto construção de
representações que fortaleçam a identidade.” (SUERTEGARAY, 2000). Também, a
partir da categoria lugar, o sociólogo pode se beneficiar, já que esta última
busca entender a existência objetava e subjetividade dos indivíduos.
(Questão 02) Explique a diferença entre o espaço do
geografo e o espaço do sociólogo.
A
noção de espaço, para o sociólogo, é uma noção difícil de ser compreendida numa
única definição. Este, de fato, procura captar a especificidade do conceito em
relação ao espaço geográfico, levando em conta a imagem que os homens têm de
seu próprio espaço social. Esta imagem repercute no real. Isto é, o espaço do
sociólogo é subjetivo, é um reflexo deformado do espaço objetivo, pois reage
sobre este.
Por
outro lado, o espaço do geógrafo corresponde àquilo que Durkheim denominou
substrato dos fatos sociais. Desta forma, a noção de espaço para o geografo é
consubstancial. Por isso que sua atividade repousa, em primeiro lugar, nas
técnicas cartográficas, pois é dai que ele tira suas hipóteses de trabalho. Não
certezas quanto a relações de casualidade, mas hipóteses que o conduzem a
outras explicações. Assim sendo, a prudência é a regra, e justamente por isso,
o sociólogo não pode ignorá-lo.
(Questão 03) Como a noção do espaço foi concebida na:
a) Geografia territorial –
Para
a geografia tradicional, o espaço não se constitui um conceito-chave. Contudo,
está presente na obra de Ratzel e de Hartshorse, mas de modo implícito. Para
Ratzel o espaço é visto como base indispensável para a vida do homem,
encerrando as condições de trabalho, quer naturais, quer aqueles socialmente
produzidos. Sendo assim, para este autor o domínio do espaço transforma-se em
elemento crucial na história do Homem. Por outro lado, Hartshorse coloca o
espaço como absoluto, isto é, um conjunto de pontos de tem existência em si,
sendo independente de qualquer coisa.
b) Geografia teorético-quantitativa – Nesta
perspectiva, a geografia passa a ser considerada como uma ciência social
(Schaefer), e até mais além, como afirmava Bunge, quando expunha que a geografia
deveria ser vista como uma ciência espacial. Neste contexto, o espaço aparece,
pela primeira vez como conceito-chave da geografia. E ainda, esse conceito
(espaço) é visto sobre duas formas: de um lado a noção de planície isotrópica (é
uma construção do espaço que resume uma concepção de espaço derivada de um
paradigma racionalista e hipotético-dedutivo), de outro, de sua representação
matricial.
c) Geografia crítica –
Esta,
por sua vez, fundou-se no materialismo histórico e na dialética. E por isso,
procura romper com a geografia tradicional e com a geografia
teorética-quantitativa. E, novamente o espaço aparece como conceito-chave.
Debate-se, de um lado, se na obra de Marx o espaço está presente ou ausente e,
de outro, qual a natureza e o significado do espaço. Outra preocupação dos
geógrafos críticos esta na identificação das categorias de analise do espaço.
Em meias palavras, na concepção da geografia critica o espaço é concebido como locus de reprodução das relações sociais
de produção, isto é, reprodução da sociedade.
d) Geografia humanista e cultural – Semelhante
a geografia crítica, a geografia humanista e cultural é uma crítica a geografia
de cunho lógico-positivista. Por outro lado, esta se opõe as geografias critica
e a teorético-quantitativa, já que a geografia humanista está assentada na
subjetividade, na intuição, nos sentimentos, na experiência, no simbolismo e na
contingência, privilegiando o singular e não o particular ou o universal e, ao
invés da explicação, tem na compreensão a base de inteligibilidade do mundo
real. Segundo Tuan (1979) no âmbito do espaço da geografia humanista
consideram-se os sentimentos especiais e as ideias de um grupo ou povo sobre o
espaço a partir da experiência. Tuan argumenta que existem vários tipos de
espaços, um espaço pessoal, outro grupal, onde é vivida a experiência do outro,
e o espaço mítico-conceitual que, ainda que ligado à experiência, “extrapola para além da evidencia sensorial
e das necessidades imediatas e em direção a estruturas mais abstratas”.
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Bom Pessoal, não recebi a correção desse exercício por isso, se alguém quiser sugerir alguma alteração, será bem vinda.
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